terça-feira, 6 de agosto de 2013

Procon de Joinville investiga contratos de venda de apartamentos do Grupo Marcos Queiroz

Empresário do ramo imobiliário está desaparecido. Vítimas registraram boletins de ocorrência e criaram blog

O grupo Marcos Queiroz Em­preendimentos e Associados era investigado pelo Procon (Progra­ma de Proteção e Defesa do Consu­midor) de Joinville antes de duas lojas do suspeito de estelionato, localizadas nos bairros Guanabara e Vila Nova, serem saqueadas por clientes revoltados pela falta de en­trega de mercadorias na sexta-feira passada (2). “Acionamos o Minis­tério Público. Fui pessoalmente fa­lar com o promotor, faz pouco mais de um mês. Causou estranheza que ele (Marcos) vendia os apartamen­tos sem a documentação necessá­ria da Fundema e Seinfra”, revela Kleber Fernando Degracia, gerente da unidade.
Carlos Junior/ND
Carlos Junior/ND
Grupo Marcos Queiroz tem seis prédios em construção em Joinville
De acordo com Degracia, a pes­soa que procurou o Procon com­prou um dos apartamentos que seriam construídos pela empresa de Queiroz. Mas o contrato não tinha incorporação, que é o regis­tro que deve ser realizado antes do início das obras. “Ele foi autuado e apresentou defesa. Analisávamos procedimentos cabíveis para im­possibilitar que ele continuasse a efetuar as vendas sem documenta­ção passível”, explicou Degracia.
Degracia conta que os contra­tos apresentados durante a inves­tigação só traziam o compromisso de construir em terreno que per­tence a Marcos Queiroz. “Os con­tratos eram estranhos, diziam do compromisso em construir em ter­reno que era dele.” Além dos pro­blemas com a construtora, outras quatro reclamações já haviam sido registradas no Procon contra a loja O Baratão da Construção, de pro­priedade de Marcos Queiroz.
“Eram reclamações menores, venda com preço diferenciado no cartão de crédito, defeitos nos materiais vendidos.” O gerente do Procon aconselha que as vítimas do empresário procurem seus ad­vogados para moverem na justiça uma ação. Ele explica que cabe ao juiz determinar uma alternativa para que os clientes sejam ressarci­dos dos prejuízos. Uma das possi­bilidades é que, caso o terreno e os apartamentos em fase de constru­ção estejam no nome do empresá­rio, sejam confiscados para saldar a dívida. No site do Tribunal de Jus­tiça de Santa Catarina existem sete processos contra a Marcos Queiroz Imobiliária Ltda. A maioria de ju­lho de 2003, pedindo rescisão de contrato e devolução do dinheiro.
Carlos Junior/ND
Carlos Junior/ND
Sobrou prejuízo até para o dono do imóvel que era alugado para a loja de material de construção, no bairro Vila Nova
Desaparecido desde 1º de agosto
 Marcos Queiroz está desaparecido desde 1º de agosto, quando deixou de comparecer a uma reunião marcada com seus corretores de imóveis para renegociação dos quase três meses de salários atrasados. Depois disso, alguns dos colaboradores do grupo – corretores e funcionários das lojas de material de construção – foram comunicados que estavam demitidos através de mensagens via telefone celular.
Há informações de que o Grupo Marcos Queiroz está devendo mais de R$ 400 mil para fornecedores. Vítimas registraram boletim de ocorrência nas delegacias dos bairros Vila Nova e Itaum. Marcos Queiroz, que é de Minas Gerais, é procurado pelo Notícias do Dia desde a sexta-feira (2) para esclarecer o caso, mas não foi encontrado. Apesar de todos os comentários e do sumiço de Marcos Queiroz, até agora, segundo a polícia, oficialmente o que existe é uma suspeita de estelionato.
O caso ganhou repercussão na sexta-feira passada, quando dezenas de clientes das duas lojas O Baratão da Construção, que pagaram mas não receberam os produtos, reuniram-se na frente dos estabelecimentos para tentar retirar as mercadorias. No comércio da rua 15 de Novembro, os funcionários aceitaram abrir as portas para aqueles que comprovassem ter comprado produtos no local. O movimento acabou em invasão e saque. “Não sobrou nada da loja. Levaram forro e até as tomadas. Com isso eu também fiquei no prejuízo”, disse à reportagem da RICTV Record o proprietário que alugava a sala onde funcionava a loja de material de construção no Vila Nova, João Alécio da Veiga. No bairro Guanabara, a Polícia Militar decidiu fechar a loja para evitar saques.
Site fora do ar
Segundo o site do Grupo Marcos Queiroz Empreendimentos e Associados, retirado nesta terça-feira da internet, a empresa tem seis prédios com apartamentos à venda, três já com as obras iniciadas. Os empreendimentos seriam construídos nos bairros Adhemar Garcia, Floresta, Iririú, Paranaguamirim e Vila Nova. Segundo um ex-corretor do Grupo Marcos Queiroz, estima-se que pelo menos 325 clientes da construtora tenham sido lesados.
Foi criado um blog na internet para vítimas do grupo. O endereço éhttp://denunciaqueiroz.blogspot.com.br/. Na página virtual, há reportagens, relatos de vítimas e algumas orientações para quem busca entrar com uma ação coletiva contra Marcos Queiroz.
O Ministério do Trabalho informou que os funcionários do grupo que precisem dar baixa na carteira de trabalho devem realizar este procedimento por via judicial. Eles foram orientados a procurarem um advogado ou se dirigirem à Justiça do Trabalho. Ontem, ninguém da Justiça do Trabalho foi encontrado para falar sobre o caso.
Publicado em 06/08/13-13:32 por: Cláudio Costa - ND Online

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