Empresário do ramo imobiliário está desaparecido. Vítimas registraram boletins de ocorrência e criaram blog
O grupo Marcos Queiroz Empreendimentos e Associados era investigado pelo Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) de Joinville antes de duas lojas do suspeito de estelionato, localizadas nos bairros Guanabara e Vila Nova, serem saqueadas por clientes revoltados pela falta de entrega de mercadorias na sexta-feira passada (2). “Acionamos o Ministério Público. Fui pessoalmente falar com o promotor, faz pouco mais de um mês. Causou estranheza que ele (Marcos) vendia os apartamentos sem a documentação necessária da Fundema e Seinfra”, revela Kleber Fernando Degracia, gerente da unidade.
Carlos Junior/ND

Grupo Marcos Queiroz tem seis prédios em construção em Joinville
De acordo com Degracia, a pessoa que procurou o Procon comprou um dos apartamentos que seriam construídos pela empresa de Queiroz. Mas o contrato não tinha incorporação, que é o registro que deve ser realizado antes do início das obras. “Ele foi autuado e apresentou defesa. Analisávamos procedimentos cabíveis para impossibilitar que ele continuasse a efetuar as vendas sem documentação passível”, explicou Degracia.
Degracia conta que os contratos apresentados durante a investigação só traziam o compromisso de construir em terreno que pertence a Marcos Queiroz. “Os contratos eram estranhos, diziam do compromisso em construir em terreno que era dele.” Além dos problemas com a construtora, outras quatro reclamações já haviam sido registradas no Procon contra a loja O Baratão da Construção, de propriedade de Marcos Queiroz.
“Eram reclamações menores, venda com preço diferenciado no cartão de crédito, defeitos nos materiais vendidos.” O gerente do Procon aconselha que as vítimas do empresário procurem seus advogados para moverem na justiça uma ação. Ele explica que cabe ao juiz determinar uma alternativa para que os clientes sejam ressarcidos dos prejuízos. Uma das possibilidades é que, caso o terreno e os apartamentos em fase de construção estejam no nome do empresário, sejam confiscados para saldar a dívida. No site do Tribunal de Justiça de Santa Catarina existem sete processos contra a Marcos Queiroz Imobiliária Ltda. A maioria de julho de 2003, pedindo rescisão de contrato e devolução do dinheiro.
Carlos Junior/ND

Sobrou prejuízo até para o dono do imóvel que era alugado para a loja de material de construção, no bairro Vila Nova
Desaparecido desde 1º de agosto
Marcos Queiroz está desaparecido desde 1º de agosto, quando deixou de comparecer a uma reunião marcada com seus corretores de imóveis para renegociação dos quase três meses de salários atrasados. Depois disso, alguns dos colaboradores do grupo – corretores e funcionários das lojas de material de construção – foram comunicados que estavam demitidos através de mensagens via telefone celular.
Há informações de que o Grupo Marcos Queiroz está devendo mais de R$ 400 mil para fornecedores. Vítimas registraram boletim de ocorrência nas delegacias dos bairros Vila Nova e Itaum. Marcos Queiroz, que é de Minas Gerais, é procurado pelo Notícias do Dia desde a sexta-feira (2) para esclarecer o caso, mas não foi encontrado. Apesar de todos os comentários e do sumiço de Marcos Queiroz, até agora, segundo a polícia, oficialmente o que existe é uma suspeita de estelionato.
O caso ganhou repercussão na sexta-feira passada, quando dezenas de clientes das duas lojas O Baratão da Construção, que pagaram mas não receberam os produtos, reuniram-se na frente dos estabelecimentos para tentar retirar as mercadorias. No comércio da rua 15 de Novembro, os funcionários aceitaram abrir as portas para aqueles que comprovassem ter comprado produtos no local. O movimento acabou em invasão e saque. “Não sobrou nada da loja. Levaram forro e até as tomadas. Com isso eu também fiquei no prejuízo”, disse à reportagem da RICTV Record o proprietário que alugava a sala onde funcionava a loja de material de construção no Vila Nova, João Alécio da Veiga. No bairro Guanabara, a Polícia Militar decidiu fechar a loja para evitar saques.
Site fora do ar
Segundo o site do Grupo Marcos Queiroz Empreendimentos e Associados, retirado nesta terça-feira da internet, a empresa tem seis prédios com apartamentos à venda, três já com as obras iniciadas. Os empreendimentos seriam construídos nos bairros Adhemar Garcia, Floresta, Iririú, Paranaguamirim e Vila Nova. Segundo um ex-corretor do Grupo Marcos Queiroz, estima-se que pelo menos 325 clientes da construtora tenham sido lesados.
Foi criado um blog na internet para vítimas do grupo. O endereço éhttp://denunciaqueiroz.blogspot.com.br/. Na página virtual, há reportagens, relatos de vítimas e algumas orientações para quem busca entrar com uma ação coletiva contra Marcos Queiroz.
O Ministério do Trabalho informou que os funcionários do grupo que precisem dar baixa na carteira de trabalho devem realizar este procedimento por via judicial. Eles foram orientados a procurarem um advogado ou se dirigirem à Justiça do Trabalho. Ontem, ninguém da Justiça do Trabalho foi encontrado para falar sobre o caso.
Publicado em 06/08/13-13:32 por: Cláudio Costa - ND Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário